quarta-feira, maio 16, 2007

Uma história longa

Quando o Sr. Isildo descobriu que a sua mulher o traíra, ficou danado.
É que a sua amante sempre lhe fora fiel.

domingo, maio 06, 2007

Ditadura(s)

Antigamente era a ditadura.
Não havia a liberdade de roubar.
Nem a permissão para o melhor do mundo, as criancinhas, darem pontapés ao Sr. polícia dizendo: - Não me podes prender que eu sou menor.
A constituição ajuda à governação mole deste país.
E o país, igual à governação, assiste a tudo no sofá.
Antigamente era a ditadura.

segunda-feira, abril 30, 2007

Equilíbrio

A igreja vive, supostamente, da espiritualidade.
Mas, se não fosse a carne, seria uma ditadura.
Valha o equilíbrio.
E o preservativo.
E o sangue, p’ra levar o álcool ao cérebro.

quarta-feira, abril 25, 2007

Perspectiva

Ponho-me em perspectiva, debaixo desta latada nua de folhas verdes e olho o chão.
Tem mil pedaços de vides espalhados como se fossem brinquedos de uma criança que os tem.

quarta-feira, abril 11, 2007

O primeiro

São 21:25. De hoje, dia 11 de Abril de 07.
E acabei de ver o primeiro, agora de quase nenhum português porque, ao que parece, ninguém votou nele, bastante atrapalhado.
As hienas mordem-lhe os calcanhares das habilitações literárias.
E ele, poluto, invoca as lições do Sr. Logan, do Mário-Henrique.
Tudo fica mais sossegado quando já nada encobre a tragicomédia.

sábado, abril 07, 2007

Gin

Quando um estranho faz uma proposta à nossa mulher e com ela apela à sua liberdade individual, onde está a nossa autoridade sobre a nossa mulher em relação ao estranho?
Visto isto, vou fazer amor com um gin tónico.

terça-feira, abril 03, 2007

Descobertas

Parece que a direcção geral dos impostos descobriu, há uns dias, que os empresários de futebol fogem ao fisco.
É mais que certo: a roda e a pólvora vão ser banidas de todas as expressões.

domingo, março 18, 2007

Sem octanas

Perfeita?
E sem álcool?
Há conceitos que não se unem. Nem pelo sagrado matrimónio.
Apartando a religião, há coisas que são sagradas.

terça-feira, março 13, 2007

Regra, casamento e excepção

Há sempre uma excepção à regra.
Mas, nas regras do casamento, não há excepção.
É essa a regra.

quinta-feira, março 08, 2007

O gosto

Quando se invoca o gosto, perante qualquer argumento, não é também uma coisa social?
Assim como um parto?
Pergunto.

sábado, fevereiro 24, 2007

As mulheres

As mulheres têm muito em comum com a música.
Em muitos casos confundem-se e ficamos a saber que a magia existe.
Noutros, de uma forma mais prosaica, há a mulher bonita, a feia e, naturalmente, aquela que não se pode ouvir.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Luta litúrgica

Na luta entre Deus e o Diabo, como a bíblia quer, o segundo ganha quase sempre.
Até na escolha do campo.
É que o Diabo ficou com a lei da gravidade a favor.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Ainda o mesmo

Há pessoas a quem, por faltar a verticalidade moral, fica mal a física.
Era de quatro. No mato.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Do Humano outra vez

Quando dois homens vêem passar a mulher do próximo e um deles diz: - Será que o gajo se aguenta com aquilo tudo? – O que realmente está a dizer é: se eu ponho esta questão na “mesa” é porque eu tomaria conta do recado. – É macho.
E vós mulheres, que vos rides, quando é que perdereis o hábito de dizer o contrário do que desejais?

quinta-feira, setembro 28, 2006

Do Humano

Se se olhar bem, mesmo com atenção, pode-se ver que da humanidade pouco de bom brota.
Aliás, a vida, é essencialmente do amor e outras miragens para o Homem se suportar a si próprio.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Neste país a que chamam Portugal

Não me importam as razões que me possam dar.
Sejam os argumentos mais polidos ou as justificações mais bolorentas.
Acabados de conceber, como o pão do dia, ou recuperadas do fundo de um processo qualquer esquecido num canto duma câmara municipal.
“Não lhe posso aceitar essa documentação. Só com um requerimento endereçado ao Sr. Presidente.”
Não há alicerce que sustente isto.

domingo, setembro 17, 2006

Felicidade

A felicidade é plena.
Mas a plenitude é cousa rara…

segunda-feira, agosto 21, 2006

Tabaco

Nunca se deve fumar um cigarro para celebrar o facto de se ter deixado de fumar.

domingo, agosto 13, 2006

Relações prévias

Um homem, antes de chegar ao casamento, deve conhecer várias mulheres.
Caso contrário irá procurá-las depois.
Mas, depois disso, como é que vai, ainda assim, cometer esse erro?

segunda-feira, julho 24, 2006

Casamento (continuação… outra vez)

Andei a “vasculhar” as razões que sustentam o “sucesso” do dito.
E, entre as secundárias, lá no fundo da “arca”, encontrei uma interessante: nos bastidores inça, durante todo o processo, a “masturbação” por interposta pessoa.
Alguém discorda?

Nota: Antes que alguém aluda ao exagero das aspas, eu relembro que se trata de casamento.

domingo, julho 23, 2006

O melhor do mundo

Se este título fosse uma interrogação, independentemente do universo consultado, a maioria vingaria com “as crianças”. Não porque se pensasse na resposta mas por ser um reflexo.
E, evitado o esforço de pensar um pouco, volta-se ao conforto da anestesia.
As crianças podem ser reles, cruéis.
Essencialmente para uma criança deficiente ou “de fora”.
Não?

sábado, julho 22, 2006

Sr. Cavaco

Há uns dias, o Sr. Cavaco, presumo que com a sua costumeira pose de conspícuo, pediu a alguns autarcas para resistirem à pressão dos construtores.
E isto, por si só, já provoca azia.
Não é novidade nenhuma que a pressão dos construtores existe, que os autarcas são pressionados e que toda a gente o sabe.
Mas, ao que parece, este aviso foi um bago de chumbo que abriu crateras na dignidade das entidades alvejadas.
No entanto, a língua é um órgão maravilhoso e poucas feridas resistem a uma boa lambidela.

quinta-feira, julho 13, 2006

Prioridade

Tinha-a a seus pés, perfeitamente dominada.
No entanto parou e deixou-a rolar até que saiu pela linha lateral.
Ficou imóvel, debaixo do holofote, a contemplar a precipitação da chuva, que afunilava na sua direcção.
Parou tudo. Parou o tempo.
“Atão, o que é que tens? Tás-te a sentir bem?”
Não respondeu.

quarta-feira, julho 12, 2006

Hiena

Há algo de hiena no ser humano.
E se a alma tem pântanos, os pântanos têm entranhas.

domingo, julho 09, 2006

Consciência

Ganhar consciência é, em muito, como um parto: além de sermos arrancados, às vezes a ferros, de um mundo perfeito, ainda nos espera um bom par de açoites.

sexta-feira, julho 07, 2006

Um dia numa vida

Acordou aporrinhado.
Por uma indecisão: “Que gel utilizar?”
“Que gel?”
Saiu disparado da cama em direcção à casa de banho.
Pôs um pé em cima do tapete, executou uma espécie de “break dance” e levantou-se algum pó.
Era um dia importante.
Começou a proceder à higiene diária matinal ainda atónito.
A remela toldava-lhe a vista.
E, alguns momentos depois, outra ocorrência fulminou-o…
Não tinha uma camisa que conjugasse com o “bordeaux “ dos sapatos, logo hoje, neste dia de tanta importância.
Telefonar para a empresa de “catering”, passar pela esteticista, confirmar os arranjos florais, aconselhar-se com a decoradora, fazer compras… Que coisa tão desgastante!
E ainda por cima a aula de etiqueta!
Assim não havia quem aguentasse… Era sobre-humano.
Tinha que ter uma consulta extra, senão não aguentava.
Desceu as escadas e exigiu, autoritário, uma torrada à agente servil.
Deu-lhe uma dentada e limpou as migalhas inexistentes nos cantos dos beiços com o dedo mais chique que tinha…
Procurou o espelho mais próximo, retocou as sobrancelhas com saliva e marcou a consulta com uma margem de tempo que garantisse a pontualidade.
Não podia chegar em cima da hora.
A psicóloga não gosta… Fica irritadíssima!
E se por uma eventualidade suceder, lá está ela na porta da entrada, encostada com o ombro esquerdo e o sobrolho franzido, braços cruzados e a bater o pé.
E vacilar entre a improvisação de uma desculpa convincente e a não argumentação pode ser fatal.
Já no meio do trânsito, quase estanque, pensou que não chegou a decidir que gel acabou por se esquecer de aplicar.
O ser.

quinta-feira, julho 06, 2006

Vácuo, ignorância, indigência

O riso.
O brilho embaciado dos olhos.
O desnorte do olhar.
Um esgar.
Um trejeito.
Estes são alguns dos indicadores.

segunda-feira, julho 03, 2006

Enumeração na noite

Há um balcão.
Com copos de cerveja e cerveja no mármore.
Há homens de barriga encostada e um taberneiro d’avental.
Há um desespero.
Há uma mulher deitada à espera.
À espera de ser espancada para poder dormir descansada.
Há um martírio quase diário.
Há uma dor presente, e um sonho distante.
Quando se ouvir o grito do lamento e o seu crescendo, o boçal chegou a casa.

domingo, julho 02, 2006

Forças

Há forças que nascem dentro de nós como a água de certas fontes remanesce das entranhas da terra.
Daí existirem apelos que nos instigam, arrebatam e nos levam a recorrer a certas frases com frequência.
- É um jameson.

quarta-feira, junho 28, 2006

Funeral

Estava um dia de sol amarelo.
O falecido jazia formalmente no caixão, o calor emanava,
e era notável o esforço da mulher, carpideira, para entoar os gritos da ordem sempre a começar pela primeira pessoa do singular, à semelhança de outras entidades conspícuas que se esforçavam para se sentirem mal e assim se sentirem melhores.
Foi um funeral vulgar.