segunda-feira, julho 24, 2006

Casamento (continuação… outra vez)

Andei a “vasculhar” as razões que sustentam o “sucesso” do dito.
E, entre as secundárias, lá no fundo da “arca”, encontrei uma interessante: nos bastidores inça, durante todo o processo, a “masturbação” por interposta pessoa.
Alguém discorda?

Nota: Antes que alguém aluda ao exagero das aspas, eu relembro que se trata de casamento.

domingo, julho 23, 2006

O melhor do mundo

Se este título fosse uma interrogação, independentemente do universo consultado, a maioria vingaria com “as crianças”. Não porque se pensasse na resposta mas por ser um reflexo.
E, evitado o esforço de pensar um pouco, volta-se ao conforto da anestesia.
As crianças podem ser reles, cruéis.
Essencialmente para uma criança deficiente ou “de fora”.
Não?

sábado, julho 22, 2006

Sr. Cavaco

Há uns dias, o Sr. Cavaco, presumo que com a sua costumeira pose de conspícuo, pediu a alguns autarcas para resistirem à pressão dos construtores.
E isto, por si só, já provoca azia.
Não é novidade nenhuma que a pressão dos construtores existe, que os autarcas são pressionados e que toda a gente o sabe.
Mas, ao que parece, este aviso foi um bago de chumbo que abriu crateras na dignidade das entidades alvejadas.
No entanto, a língua é um órgão maravilhoso e poucas feridas resistem a uma boa lambidela.

quinta-feira, julho 13, 2006

Prioridade

Tinha-a a seus pés, perfeitamente dominada.
No entanto parou e deixou-a rolar até que saiu pela linha lateral.
Ficou imóvel, debaixo do holofote, a contemplar a precipitação da chuva, que afunilava na sua direcção.
Parou tudo. Parou o tempo.
“Atão, o que é que tens? Tás-te a sentir bem?”
Não respondeu.

quarta-feira, julho 12, 2006

Hiena

Há algo de hiena no ser humano.
E se a alma tem pântanos, os pântanos têm entranhas.

domingo, julho 09, 2006

Consciência

Ganhar consciência é, em muito, como um parto: além de sermos arrancados, às vezes a ferros, de um mundo perfeito, ainda nos espera um bom par de açoites.

sexta-feira, julho 07, 2006

Um dia numa vida

Acordou aporrinhado.
Por uma indecisão: “Que gel utilizar?”
“Que gel?”
Saiu disparado da cama em direcção à casa de banho.
Pôs um pé em cima do tapete, executou uma espécie de “break dance” e levantou-se algum pó.
Era um dia importante.
Começou a proceder à higiene diária matinal ainda atónito.
A remela toldava-lhe a vista.
E, alguns momentos depois, outra ocorrência fulminou-o…
Não tinha uma camisa que conjugasse com o “bordeaux “ dos sapatos, logo hoje, neste dia de tanta importância.
Telefonar para a empresa de “catering”, passar pela esteticista, confirmar os arranjos florais, aconselhar-se com a decoradora, fazer compras… Que coisa tão desgastante!
E ainda por cima a aula de etiqueta!
Assim não havia quem aguentasse… Era sobre-humano.
Tinha que ter uma consulta extra, senão não aguentava.
Desceu as escadas e exigiu, autoritário, uma torrada à agente servil.
Deu-lhe uma dentada e limpou as migalhas inexistentes nos cantos dos beiços com o dedo mais chique que tinha…
Procurou o espelho mais próximo, retocou as sobrancelhas com saliva e marcou a consulta com uma margem de tempo que garantisse a pontualidade.
Não podia chegar em cima da hora.
A psicóloga não gosta… Fica irritadíssima!
E se por uma eventualidade suceder, lá está ela na porta da entrada, encostada com o ombro esquerdo e o sobrolho franzido, braços cruzados e a bater o pé.
E vacilar entre a improvisação de uma desculpa convincente e a não argumentação pode ser fatal.
Já no meio do trânsito, quase estanque, pensou que não chegou a decidir que gel acabou por se esquecer de aplicar.
O ser.

quinta-feira, julho 06, 2006

Vácuo, ignorância, indigência

O riso.
O brilho embaciado dos olhos.
O desnorte do olhar.
Um esgar.
Um trejeito.
Estes são alguns dos indicadores.

segunda-feira, julho 03, 2006

Enumeração na noite

Há um balcão.
Com copos de cerveja e cerveja no mármore.
Há homens de barriga encostada e um taberneiro d’avental.
Há um desespero.
Há uma mulher deitada à espera.
À espera de ser espancada para poder dormir descansada.
Há um martírio quase diário.
Há uma dor presente, e um sonho distante.
Quando se ouvir o grito do lamento e o seu crescendo, o boçal chegou a casa.

domingo, julho 02, 2006

Forças

Há forças que nascem dentro de nós como a água de certas fontes remanesce das entranhas da terra.
Daí existirem apelos que nos instigam, arrebatam e nos levam a recorrer a certas frases com frequência.
- É um jameson.